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Brasil e o Tarifaço de Trump: Uma Diplomacia em Xeque
Como o país enfrentou barreiras comerciais e buscou redefinir sua posição no mercado americano.
03/04/2025 09h23
Por: Redação Ascompautadupla Fonte: ascompautadupla
Reprodução/Internet

Nos últimos meses, o Brasil enfrentou um dos maiores desafios diplomáticos de sua história recente: as tarifas recíprocas impostas pelo então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Inicialmente classificado entre os "Dirty 15" — países acusados de práticas comerciais desleais, como manipulação cambial e barreiras tarifárias —, o Brasil viu sua posição no mercado americano ameaçada.


A virada começou com esforços diplomáticos intensos. O vice-presidente Geraldo Alckmin estabeleceu um canal direto com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, criando uma dinâmica de diálogo que até então era inexistente. Essa conexão foi reforçada por negociações conduzidas pelo chanceler Mauro Vieira e pelo chefe do USTR, Jamieson Greer, que abriram espaço para interações entre equipes técnicas de ambos os governos.

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O setor privado também desempenhou um papel crucial. A Amcham Brasil, maior seção da Câmara Americana de Comércio no mundo, apresentou argumentos sólidos à Casa Branca, destacando que o Brasil é responsável pelo terceiro maior superávit dos EUA no comércio de bens com economias do G20 e pelo quinto maior mercado para exportações de serviços. Além disso, multinacionais americanas instaladas no Brasil remeteram US$ 54 bilhões em lucros e dividendos às suas matrizes nos últimos dez anos, evidenciando a interdependência econômica entre os dois países.

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Outro ponto alto foi a atuação discreta do embaixador Mauricio Lyrio, que realizou reuniões estratégicas em Washington, incluindo encontros com o sherpa americano para o G20, Nels Nordquist, e com o presidente do Comitê de Ways and Means da Câmara dos Representantes, Jason Smith. Essas reuniões reforçaram a mensagem de que o Brasil é parte da solução, não do problema comercial dos EUA.
O resultado foi uma mudança significativa: o Brasil saiu do grupo dos "Dirty 15" e foi incluído entre os "Clean Three", ao lado do Reino Unido e da Austrália. Embora ainda sujeito a uma tarifa de 10%, o país escapou de medidas mais severas aplicadas a outros mercados, como a União Europeia e a China.

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Essa história é um exemplo de como a diplomacia e a colaboração entre governo e setor privado podem transformar desafios em oportunidades. O Brasil, mesmo sob pressão, conseguiu reafirmar sua relevância no cenário global e abrir espaço para futuras negociações comerciais.