Embora o cenário econômico de 2025 apresente sinais positivos, a taxa de câmbio continua sendo o principal fator de incerteza para o controle da inflação no Brasil. A oscilação do real frente ao dólar tem potencial para comprometer os planos do governo de reduzir os preços, especialmente os dos alimentos, que impactam diretamente a avaliação da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Impactos do câmbio na inflação alimentar
A desvalorização do real em 2024, que chegou a 21,82%, ainda influencia os preços em 2025. Apesar de a cotação do dólar ter recuado para R$ 5,80, bem abaixo dos R$ 6,19 registrados no fechamento do ano anterior, os alimentos continuam sendo os mais sensíveis às variações cambiais. Produtos como soja, milho, café e carne, cotados em dólar no mercado internacional, sofrem diretamente com a volatilidade.
Fatores adicionais de pressão nos preços
Além do câmbio, outros elementos, como o ciclo do boi, problemas climáticos e choques externos, contribuíram para a alta dos preços de alimentos. A equipe econômica reconhece que não há uma solução única para romper esse ciclo, mas aposta em medidas como a safra recorde prevista para 2025, incentivos ao crédito agrícola e a redução de alíquotas de importação de itens como azeite de oliva.
Sinais de alívio e desafios persistentes
Os primeiros sinais de queda nos preços no atacado já são observados, mas a estabilidade cambial é crucial para consolidar esse movimento. A valorização de 6% do real desde o início do ano trouxe algum alívio, mas a incerteza global, agravada por tensões comerciais entre Estados Unidos e China, mantém o cenário volátil.
O contexto internacional e a imprevisibilidade
A guerra comercial iniciada pelo presidente Donald Trump, com o anúncio do “Dia da Libertação”, intensificou as preocupações globais. A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, alertou recentemente para o momento de “inacreditável imprevisibilidade” que o mundo enfrenta, reforçando a necessidade de cautela por parte das economias emergentes.
Com um cenário global instável e desafios internos, o Brasil segue em busca de estratégias para equilibrar o câmbio e conter a inflação, enquanto tenta garantir que os esforços para desinflacionar a economia não sejam frustrados.