A nova moda dos “starter packs” gerados por inteligência artificial, que representa pessoas como figurinhas colecionáveis em caixas, tem tomado as redes sociais de assalto. Celebridades, políticos e usuários comuns aderiram à tendência, como a atriz Brooke Shields, que compartilhou no Instagram sua versão acompanhada de um cãozinho e um kit de bordado.
Por trás da febre digital
A popularidade dos “starter packs” é impulsionada pela nova funcionalidade do gerador de imagens do ChatGPT, que permite criar representações sofisticadas com comandos simples. Essa inovação despertou sentimentos de nostalgia e conexão emocional, como destaca Ahlem Abidi Barthe, professora de marketing digital. Ela atribui o apelo ao ego dos usuários e à nostalgia infantil evocada por figurinhas e animações.
Antes disso, retratos no estilo do Studio Ghibli — conhecido por clássicos como “Meu Amigo Totoro” e “A Viagem de Chihiro” — também viralizaram na internet, consolidando o impacto de tendências baseadas em IA.
Sucesso e controvérsias
Apesar da adesão massiva, a novidade também enfrenta críticas. Artistas levantam a questão dos direitos autorais ao publicarem versões alternativas, marcadas com a hashtag #StarterpacknoAI. A OpenAI, por exemplo, não firmou acordos de licença com estúdios como o Ghibli, reacendendo debates sobre a exploração de conteúdo protegido sem autorização.
Além disso, há preocupações sobre o custo ambiental. A IA generativa exige alta potência de cálculo, consumindo até 10 vezes mais energia do que buscas simples no Google, segundo a Agência Internacional de Energia.
Privacidade e exploração de dados
A criação dos “starter packs” depende de fotos pessoais enviadas pelos usuários, o que levanta alertas sobre a segurança de dados. Joe Davies, especialista em tecnologia, enfatiza o valor das informações compartilhadas com empresas que ainda não têm transparência sobre suas intenções.
Um modismo com prazo de validade?
Anaïs Loubère, fundadora da agência Digital Pipelettes, ressalta que o fenômeno é efêmero e pode rapidamente perder apelo. “Depois do quinquagésimo ‘starter pack’ que você vê nas redes, chega a saturação,” aponta a especialista, relativizando o impacto a longo prazo.
Enquanto as tendências surgem e passam, os debates éticos e ambientais em torno da IA generativa continuam a ganhar força, influenciando o futuro dessa tecnologia.