Nem sempre é sobre o que se diz, mas como se diz. E Lucas Ribeiro (PP), aos 35 anos, parece ter compreendido essa máxima como poucos. O vice-governador da Paraíba vem se destacando pela habilidade de tratar questões politicamente espinhosas sem perder a suavidade natural de sua abordagem.
Esse malabarismo verbal foi essencial ao abordar um problema que persiste no bloco governista: a dupla postura de aliados, que usufruem dos espaços do governo, mas mantêm relações discretas com a oposição, chegando até a apoiar candidatos adversários em pleitos majoritários.
"Vai chegar a hora de perguntar a essas pessoas com quem elas querem contar e estar", declarou Lucas, sinalizando que a tolerância política do governo tem limites e que o momento de definição se aproxima.
Essa conduta dúbia tem impacto direto na governabilidade de João Azevêdo (PSB) e pode desestimular articulações internas para a composição da chapa palaciana em 2028, especialmente na disputa por um segundo candidato ao Senado.
A Disputa Interna e o Aviso aos Aliados
Outro dilema latente na base governista vem ganhando força: a disputa entre grupos de aliados, movida pela expectativa de desincompatibilização do governador e a eventual posse de Lucas como chefe do Executivo.
O vice-governador, ciente da crescente tensão, não se omitiu e deu um recado claro aos seus próprios aliados:
"Revanche e perseguição não levam a lugar nenhum. O apelo tem sido de soma, não de dividir e tirar aliados".
Esse posicionamento serve como advertência para aqueles que já iniciaram uma contagem regressiva para assumir o poder e, em sua visão, utilizar a nova configuração política para excluir adversários por motivações pessoais e interesses nada republicanos.
O Crescente Risco e o Calendário Político
Os dois desafios apresentados por Lucas Ribeiro são reais e inadiáveis. Não podem ser ignorados e tampouco resolvidos por decreto. Os efeitos dessas movimentações têm potencial explosivo, tanto internamente quanto no cenário externo.
Ainda assim, o vice-governador mantém seu estilo ponderado, sem elevar o tom, mas deixando uma mensagem que tende a ser cada vez mais ouvida à medida que o calendário avança.
Se por um lado seu discurso evita rupturas bruscas, por outro, deixa claro que a política exige posicionamentos firmes. E o equilíbrio entre conciliar forças sem ceder à complacência será um dos maiores desafios do grupo governista nos próximos anos.