O cenário político da Paraíba vive um momento de expectativa contida e cálculos estratégicos. João Azevêdo (PSB), governador do estado, mantém o suspense sobre sua decisão de deixar ou permanecer no cargo até o fim do mandato, e essa indefinição reverbera por todo o espectro partidário.
A saída antecipada do governador pode desencadear uma série de rearranjos políticos. Caso renuncie, abre caminho para que um sucessor construído dentro de seu grupo ganhe mais força, redefinindo alianças e afastando alternativas que dependem de um cenário de continuidade. Por outro lado, caso permaneça, mantém controle direto sobre a máquina pública até o último momento e pode influenciar pessoalmente a disputa sucessória, seja garantindo mais tempo para articulações internas ou se colocando como fiador de um candidato.
João Azevêdo prolonga o suspense. Esse adiamento, longe de ser indecisão, é um cálculo político. Ele administra o tempo como ferramenta de barganha, permitindo que diferentes grupos do governo e da oposição ajustem suas movimentações a partir das expectativas que ele constrói.
Dentro do governo, a falta de um posicionamento definitivo gera dúvidas entre seus aliados, dividindo avaliações sobre qual caminho será tomado. A indefinição cria diferentes cenários em que potenciais candidatos ajustam seus discursos e táticas eleitorais, sem saber exatamente qual modelo de campanha precisarão enfrentar. Na oposição, a insegurança é ainda maior. Azevêdo, ao adiar sua escolha, impede que adversários consolidem estratégias mais firmes, pois qualquer anúncio pode alterar a composição de forças políticas.
No final das contas, sua decisão será muito mais do que um anúncio de permanência ou saída. Será a peça que reorganizará toda a disputa de 2026 e ditará os rumos da sucessão. Até lá, políticos de diferentes espectros seguem aguardando a definição que pode reescrever o cenário eleitoral da Paraíba.
O governador sabe do peso dessa decisão, e estende ao máximo seu espaço de manobra antes de cravar seu caminho.