A recente confirmação de um novo acordo comercial entre China e Estados Unidos sinaliza não apenas uma reaproximação entre as duas maiores economias do mundo, mas também redesenha o cenário estratégico para países como o Brasil. A pergunta que surge é: como essa aliança afeta o posicionamento brasileiro no tabuleiro global?
1. Reequilíbrio de Forças e Espaço Geopolítico
Durante o período de tensões comerciais sino-americanas, o Brasil ocupou espaços valiosos — principalmente no agronegócio, exportando soja e proteína animal para suprir a demanda chinesa. Com a possível redução de tarifas e retomada de fluxos comerciais EUA-China, é provável que essa janela de oportunidade comece a se fechar, exigindo que o Brasil busque alternativas de mercado ou aposte em diferenciais de competitividade.
2. Necessidade de Diplomacia Ativa
O Brasil pode aproveitar esse momento para reforçar sua diplomacia comercial. Manter relações sólidas com Pequim e Washington exige habilidade: enquanto a China é o maior parceiro comercial, os EUA exercem forte influência política e tecnológica. Posicionar-se como interlocutor confiável e neutro pode ser um trunfo estratégico, especialmente no G20 e em fóruns multilaterais.
3. Risco de Marginalização Tecnológica
Se o acordo entre China e EUA também avançar sobre temas como tecnologia e propriedade intelectual, o Brasil corre o risco de ser apenas espectador em negociações que vão ditar os padrões técnicos e as novas cadeias de valor globais. Investir em inovação e estreitar parcerias em ciência e tecnologia torna-se ainda mais crucial para não perder relevância nesse novo cenário.
4. Oportunidades no Sul Global
Com a reaproximação entre as superpotências, o Brasil pode usar seu prestígio em fóruns como os BRICS para liderar iniciativas que ampliem a cooperação entre países do Sul Global. Uma diplomacia que favoreça o multilateralismo e busque acordos regionais pode mitigar os impactos de um ambiente mais bipolarizado.
Em resumo, o acordo China-EUA não é apenas uma trégua comercial — é um sinal de que o xadrez global está se movendo, e o Brasil precisa decidir se vai jogar ou apenas observar.